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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Texto A semente sublime da vida

Era uma vez um homem que morava numa cidade grande e trabalhava numa fabrica. Todos os dias ele pegava o ônibus das 6:15 e viajava cinqüenta minutos até o trabalho: à tardinha fazia a mesma coisa, voltando para casa. No ponto seguinte ao que o homem subia no ônibus, entrava uma velhinha, que procurava sempre sentar-se numa janela. Abria a bolsa, tirava um pacotinho e passava a viagem toda jogando alguma coisa para fora do ônibus. Um dia, o homem reparou na cena. Ficou curioso. No dia seguinte, a mesma coisa. Todos os dias, igual. Certa vez o homem sentou-se ao lado da velhinha e não resistiu: - Bom dia, desculpe minha curiosidade, mas o que a senhora está jogando pela janela? – Bom dia – respondeu a velha – jogo sementes.

- Sementes? Sementes do que? – De flor. É que eu viajo neste ônibus todos os dias. Olho para fora e a estrada é tão fazia. Eu gostaria de poder viajar vendo flores coloridas por todo o caminho... Imagine como seria bom!

Mas a senhora não vê que as sementes caem no asfalto , são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos... A senhora acha que essas flores vão nascer aí na beira da estrada? – Acho, meu filho. Mesmo que muitas sementes sejam perdidas, algumas certamente acabam caindo na terra e como o tempo vão brotar. – Mesmo assim, demoram para crescer, precisam de água... Ah, eu faço minha parte. Sempre há dias de chuva. Além disso, apesar da demora, se eu não jogar as sementes, as flores nunca vão nascer. Dizendo isso, a velhinha virou-se para a janela aberta e recomeçou seu “trabalho”.

O homem desceu logo adiante, achando que a velhinha já estava meio “caduca”. O tempo passou. Um dia, no mesmo ônibus, sentado à janela o homem levou um susto: olhou para fora e viu margaridas na beira da estrada, carreira de hortênsias azuis , rosas, cravos, dálias... A paisagem estava colorida, perfumada, linda. O homem lembrou-se da velhinha, procurou-a no ônibus a acabou perguntando para o cobrador, que conhecia todo mundo. – A velhinha das sementes? Pois é morreu de pneumonia no mês passado.

O homem voltou para o seu lugar e continuou olhando a paisagem florida pela janela. “Quem diria, as flores brotaram mesmo”, pensou. “Mas de que adiantou o trabalho da velhinha? A coitada morreu e não pode ver esta beleza toda”. Neste instante, o homem escutou uma risada de criança. No banco da frente, um garotinho apontava pela janela, entusiasmado: - Olha mãe, que lindo, quanta flor, pela estrada... Como se chamam aquelas azuis? Então, o homem entendeu o que a velhinha tinha feito. Mesmo não estando ali para contemplar as flores que tinha plantado, a velhinha devia estar muito feliz. Afinal, ela tinha dado um presente maravilhoso para as pessoas. No dia seguinte , o homem entrou no ônibus, sentou-se numa janela e tirou um pacote de sementes do bolso...

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